Entre agosto e setembro de 2013, dez alunos da Escola da Cidade participaram do Taller de Obras da Universidad de Talca, no interior do Chile. O workshop é um curso de intervenção urbana, no qual os estudantes têm um mês para conhecer o lugar, conceber o projeto e construir. Os estudantes se hospedaram na casa de alunos chilenos e vivenciaram sua rotina por um mês, tendo possibilidade, portanto, de conhecer a cidade e, viajar pelas proximidades, uma vez que muitos estudantes vieram de pequenas cidades e povoados da região.
A Universidad de Talca se destaca por incentivar o aluno a tangibilizar seus projetos arquitetônicos e construí-los, e a matéria Taller de Obras o introduz a realidade da prática construtiva e suas dificuldades desde o segundo ano de estudo. Segundo sua metodologia de ensino, é preciso passar por todas as etapas do projeto: reconhecimento do lugar, intenção, partido, concepção, arrecadação de materiais, gestão e logística de obra, construção, ocupação e pós-ocupação.
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O objetivo do taller de 2013 era realizar seis projetos de concreto que formassem um lugar de estar, uma praça, ao longo do Rio Maule, desde sua nascente na Cordilheira dos Andes, até sua foz, em Constitución. Do segundo ao quinto ano os alunos trabalham juntos, orientados por um professor elegido pela escolha de cada aluno. Todos foram divididos em seis grandes grupos de cerca de 38 pessoas. O cronograma de trabalho era:
- 1ª semana levantamento: formação de grupos, pesquisa sobre o lugar, identificação da implantação, partido do projeto;
- 2ª semana projeto e gestão: definição do desenho, projeto executivo e montagem, construção dos moldes;
- 3ª semana construção: fabricação do concreto e concretagem, desmoldagem, limpeza.
Cada grupo se organizou a sua maneira de modo a recolher os seguintes dados: pessoas e atividades locais; levantamento planimétrico e fotográfico; informação da propriedade; estudo do material disponível; estudo da preparação do concreto. Feita a análise, os alunos se reuniram para especular sobre possíveis intervenções. Uma das condicionantes era o custo da obra. Foram disponibilizados cerca de mil reais pela universidade, pouco para comprar materiais e alugar transportes. Dessa forma, os alunos buscavam outros meios de viabilização como doações de materiais, empréstimo de caminhonetes e equipamentos de trabalho, apoio da prefeitura.
Muita atenção foi dada a experimentações de misturas, agregados, pigmentos, texturas, formas e fôrmas do concreto. Pensar o material e suas possibilidades espaciais articulado com as paisagens, características e especificidades dos locais resultou em projetos bem variados. Além da questão material e estética do projeto e do território, buscou-se envolver a comunidade. A aproximação de pessoas locais se mostrou de suma importância no processo uma vez que serão elas os principais usuários daquele espaço. Assim, a comunicação entre estudantes e moradores fez parte do trabalho, visando desenvolver um laço afetivo, um sentimento de pertencimento.
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Para o estudante de arquitetura, entrar em contato com a práxis, com a vivência de um espaço e de uma realidade, tentar entendê-los e buscar responder as necessidades da população dentro de suas capacidades e limites são processos de aprendizado necessários. A prática, tanto experimental, quanto construtiva e social, se mostram fundamentais para a formação, uma vez que expõem novas possibilidades de atuação e salientam a questão da função social do arquiteto e da própria universidade.
Texto Julia Pinto
Marcella Arruda
Naiara Abrahão
Fotografias Fabíola Emendabili
Guilherme Bravin
Julia Pinto
Marcella Arruda
Naiara Abrahão
Pedro Nischimura
Rafael Jesus
Stefanie Shneider