A partir da experiência na elaboração do currículo das disciplinas de História e Teoria da Arquitetura, Gustavo Peixoto faz uma reflexão sobre alguns modos e práticas de ensino que são aplicados atualmente no mais antigo curso de arquitetura do Brasil, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“Como pensar o ensino de história e teoria da arquitetura para os alunos dos cursos de arquitetura e urbanismo no Brasil desse início de milênio?”
A apresentação, feita a convite do curso de pós-graduação Arquitetura, Educação e Sociedade, resume uma abordagem pedagógica de ação criativa na qual a história se compromete com a atividade profissional do projeto, uma vez que a disciplina de História é parte estruturante do currículo numa graduação em Arquitetura e Urbanismo. Trazendo elementos de sua publicação mais recente A Estratégia Da Aranha (Rio Books, 2013), é apresentado como o discurso sobre a história da arquitetura variou ao longo do tempo basicamente por três modos:
1. Modo historicista, que coloca a Arquitetura na História e busca fazer um recorte histórico que seja útil ao projeto, integrando o estudo da história com o programa ensino de arquitetura, numa espécie de exercício de análise e composição, que procura ensinar a história a partir do desenho de edifícios exemplares, cujos projetos são feitos a partir da recomposição de elementos tirados da arquitetura antiga;
2. Modo histórico-modernista, para o qual a história da arquitetura não dá elementos de projeto. Ao contrário, a arquitetura de cada período se relaciona com aquilo que compõe o contexto histórico de seu tempo. O projeto de arquitetura é, portanto, feito com os elementos de sua própria época. Uma arquitetura histórica, que produz história;
3. Modo culturalista, uma espécie de “operação literária” semelhante às narrativas ficcionais que estabelecem relações simultaneamente no presente contemporâneo. Assim, não há mais modelos de explicação total, o objetivo é propor explicações parciais não excludentes, adensando o significado dos eventos históricos através atalhos no tempo histórico, na construção de uma estrutura análoga a uma teia de aranha. Em resumo, o estudo do passado é demandado pelo presente e ajuda a compreender o presente.
Assim, Gustavo Peixoto constrói um discurso sobre o que seria um ensino metahistórico da arquitetura, uma espécie de escrita sobre escrita, que pensa o próprio fazer enquanto história.
Gustavo Rocha-Peixoto é professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro; doutor em História Social (UFRJ 2004); mestre em Arquitetura (UFRJ 1995); especialista em filosofia (UFRJ 1985); graduado em Arquitetura e Urbanismo (UFRJ 1980). Tem experiência profissional na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em História da Arquitetura e Urbanismo, e Preservação e pesquisa do Patrimônio Cultural. Atua principalmente nos temas: pensamento, história e crítica da arquitetura e da cidade, arquitetura e urbanismo no rio de janeiro, patrimônio cultural, restauração arquitetônica. Entre 2006 e abril de 2010 foi o diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ e presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo entre 2010-2012.