Nesta aula do ciclo de palestras “Futebol: paixão e imagem”, o ex-jogador Afonsinho e o sociólogo Zé Florenzano discorrem sobre a relação do Futebol e da Democracia, participação política e a atualidade, a partir da exibição de parte do documentário francês “Os Rebeldes do Futebol”, 2011, de Gilles Perez e Gilles Rof. O filme aborda a trajetória do jogador Sócrates e sua influência na criação da ‘Democracia Corinthiana’, uma experiência de democracia participativa que acontecia em meio aos “anos de chumbo” da Ditadura Militar no Brasil.
“É uma coisa impossível de se conter, a necessidade e o desejo de participação.(…) Isso é o que mais está me chamando atenção nesse momento: que se instigue, que se provoque, que se estimule a participação política.(…) Se a pessoa não tem uma participação política consciente, ela vai tê-la sendo levada”. – Afonsinho
Zé Florenzano também esmiúça e analisa as relações dos jogadores contemporâneos com Sócrates e Afonsinho que, além de ligados à ‘Democracia Corinthiana’, transitaram também entre outros movimentos sociais. Ele coloca Afonsinho como um caso divisor de águas na história da luta por direitos no Brasil: com sua atuação, que não se restringia ao futebol, influenciou inúmeros jogadores brasileiros a buscarem seus direitos, chegando até a ser considerado pelo exército como “líder da subversão no futebol”.
Afonso Celso Garcia Reis, ” Afonsinho”, estudava para formar-se médico pela Faculdade de Ciências Médicas da UERJ enquanto jogava futebol. Jogou como meia-armador no Olaria e no Botafogo, contra o qual lutou pelo passe livre, combatendo os rígidos vínculos de um jogador para com o clube que o emprega. Trabalhou também como psiquiatra em diversos institutos e programas, sempre aliando o esporte aos tratamentos convencionais.
Zé Florenzano, graduado em Ciências Sociais pela PUC-SP e pós-doutorado em antropologia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), coordena e leciona no departamento de Ciências Sociais da PUC-SP e está ligado ao Museu do Futebol, em São Paulo, e ao Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB). Sua experiência com o futebol e a trajetória de jogadores rebeldes deriva de seus amplos estudos interdisciplinares no campo da Antropologia Urbana, Sociologia do Esporte e História Política do Futebol.
Captação: Ana campos e Bruno Buccalon
Edição: Morena Miranda
Texto: Stella Bloise