Peter Pál Pelbart: Tempo Livre

O filósofo e ensaísta Peter Pál Pelbart aborda temas relativos a seus estudos sobre o tempo e suas diferentes percepções.

Como parte da série Tempo Livre, o Seminário de Cultura e Realidade Contemporânea recebeu o filósofo e ensaísta Peter Pál Pelbart para debater temas relativos a seus estudos sobre o tempo e suas diferentes percepções.

https://soundcloud.com/escoladacidade/peter-pal-pelbart-tempo-livre/s-BnK40

 

Pelbart inicia sua fala com um questionamento: como escapar da ideia de tempo linear, progressivo, unidirecional e encadeado? Usualmente, pensa-se o tempo como tripartido (dividido entre passado – presente – futuro), com um sentido direcionado e único, representado por uma flecha.

Segundo ele, na antiguidade clássica valorizava-se o passado; na modernidade, o futuro, e na contemporaneidade, a tendência é abolir-se o tempo com flecha direcionada e substituí-lo por uma multiplicidade de flechas, sentidos e direções, como uma rede de fluxos intercruzados. Cada vez que um lenço amassado é retirado do bolso, dois pontos nele assinalados estarão a uma distância diferente um do outro: assim é, para Pelbart, a percepção do tempo nos dias de hoje.

“É preciso desafiar a tirania da velocidade absoluta”

Sobre o tempo livre, tema caro à vida na contemporaneidade, Peter Pal nota que vivemos um forte esfumaçamento da divisão entre tempo de trabalho e tempo livre, e que todo o tempo que pertencia à esfera livre foi tomado pela esfera comunicacional, que é fortemente ligada ao consumo, ao mercado e ao trabalho. Portanto, defende que o tempo deve ser tratado como problema político.

Ele comenta, também, que experiências urbanas como o Parque Augusta talvez sejam capazes de colocar em suspensão o tempo monetarizado e objetivo da cidade, e permitir múltiplas experimentações em múltiplas temporalidades, quase como máquinas do tempo.

 

Peter Pál Pelbart (Budapest, 1956) é um filósofo, ensaísta, professor e tradutor húngaro, residente no Brasil. Possui graduação em Filosofia pela Sorbonne (Paris IV- 1983) e doutorado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1996). Atualmente é professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Trabalha com Filosofia Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: Deleuze, Foucault, tempo, loucura, subjetividade, biopolítica.

Captação: Pedro Norberto e Martha Levy

Edição: Stella Bloise

Texto: Stella Bloise